E hoje é o aniversário do dia em que recebi o diagnóstico daquela doencinha chata, que no laudo do exame tinha um nominho bem esquisito "Adenocarcinoma do tipo intestinal de Lauren". Lembro-me bem da cara do médico e ele indo pesquisar no que ele chamou de "pai dos burros", dizendo que era um tipo novo pra ele. No final da pesquisa, ele abriu o jogo e disse: "É, infelizmente, você está com um tumor maligno. É câncer!". Falar que eu me desesperei, seria mentira, mesmo porque já tinha visto resultados de outros exames e já estava meio que desconfiando disso. Mas é óbvio que não fiquei feliz.
A primeira pessoa pra quem falei, foi pro Michel, pelo whatsapp. Ele ficou bastante aflito (bem mais do que eu, pra falar a verdade). Mas ele tinha que trabalhar naquele dia. Quando cheguei em casa, foi a hora de encarar minha mãe. Vou ser sincero, minha memória ficou bem ruim depois de todo o tratamento e não vou dizer que lembro exatamente da reação dela. Lembro que a tranquilizei (pelo menos tentei), dizendo que não iria desistir em nenhum momento. Nos abraçamos e pedi pra ela não se preocupar que tudo daria certo.
Passei um Natal diferente, sem poder comer como se não houvesse amanhã (sentia dores). E num primeiro momento, resolvi não contar para o restante da família, pois não queria que estragasse nossa festa. Para os amigos, fui contando aos poucos. Alguns, souberam até antes dos meus familiares. Acho que uma das conversas mais marcantes, foi quando contei para o Alexandre e pra Carina, na Esfiha Chic, no Tatuapé. Todos nos emocionamos à mesa e quase foi o maior chororô!
Hoje, passado exatamente um ano de quando recebi o diagnóstico, estive em consulta com o cirurgião que me operou (e me curou). Levei exames de sangue e tomografias (tórax, abdômen e pelve) e os resultados não podiam ser melhores. Não há nenhuma anomalia encontrada e meus medidores sanguíneos estão todos no eixo.
Durante o ano de 2018, muita coisa aconteceu. Algumas dessas coisas passei pela primeira vez: desmaiar, ficar 30 dias internado, fazer quimioterapia, ter cálculo renal, receber alimentação por uma sonda, perder a sonda, ter um cateter alojado no meu corpo, cagar (literalmente) nas calças, fiquei totalmente careca... foram tantas primeiras vezes. O que seria a vida sem um pouco de aventura? E, durante esse período, percebi muita gente que se importa comigo e outras pessoas que não estão nem aí pra nada, além do seu próprio umbigo.
Posso dizer que, finalmente, voltei a ter uma vida "quase" normal. Voltei a trabalhar recentemente e estou ainda me adaptando à nova função, à nova carga horária. Como de tudo, não tenho restrição alguma, mas é óbvio que tenho que evitar excessos, gorduras, etc etc. Além de eu ser o rei das promessas e estar proibido de comer, por um ano, bacon, salame e sorvete. Mas é isso gente: muita história pra contar, coisas boas, coisas ruins, mas o importante mesmo é que ESTOU CURADO!
Valeu, pessoal! Ósculos e amplexos a todos!
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